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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A Democracia Burguesa

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Por: Bruno Alvarenga Ribeiro.

Por definição democracia significa “o povo no poder”. Mas a democracia do capital é restrita a poucos. Os poucos que a ela têm acesso lutam para manterem os seus privilégios, e fazem isso de muitas maneiras. Enumeremos alguns dos comportamentos dos democratas burgueses:

1 – Não se posicionam contra o financiamento privado de campanhas. A questão é relativamente simples. O financiamento privado cria precedentes para campanhas eleitorais milionárias. Por sua vez, campanhas eleitorais milionárias exercem maior atratividade sobre os eleitores, pois abusam do marketing político, aquele marketing que transforma qualquer crápula em herói. Lembram do Collor? Autodenominou-se “o caçador de marajás”. Um desconhecido das Alagoas se transformou em herói político, pois contou com o apoio do capital financeiro que temia o “Comunismo Lulista”.

2 – Pouco dizem a respeito da regulação econômica da mídia. Propositalmente confundem regulação com censura, com restrição à liberdade de expressão. Ora, ora, ora, basta olharmos para a eterna parceria entre os semanários sensacionalistas e os democratas burgueses para entendermos esta confusão proposital. A parceria funciona mais ou menos assim: a direita sustenta esses semanários e os semanários atacam os adversários políticos da direita. Foi assim nas eleições disputadas pelo PT contra Collor e FHC. Mais recentemente a dose se repetiu contra a presidenta Dilma Rousseff.

3 – Insistem na tese de que o exercício da democracia é feito exclusivamente através do voto. Eis aí uma tese bastante simplista usada para ocultar os interesses da democracia burguesa. Esta é uma manobra para que seja evitada a participação popular. Aliás, os democratas burgueses são refratários à participação popular. Associam a ideia de participação com a ideia de golpe comunista. Povo na rua é povo lutando por mais igualdade, e a ideia de igualdade vai de encontro à tese da meritocracia.

4 – Propõem uma reforma política que se restringe a colocar fim à reeleição. Têm memória seletiva e esquecem que a reeleição foi conquistada por FHC a custa da compra de votos de muitos parlamentares. Mas como as provas da compra de votos foram muito bem ocultadas, contando para isso com o silêncio da mídia, qualquer investigação se tornou praticamente inviável. Engraçado é que se Aécio tivesse vencido as eleições de 2014 o fim da reeleição só ocorreria em 2022 e não em 2018. Lógico que Aécio não perderia a chance de se reeleger.

5 – Programas sociais são currais eleitorais. Diogo Mainardi chegou a chamar de “bovinos” os nordestinos, insistindo no simplismo de que os pobres desinformados foram os responsáveis pela reeleição da presidenta Dilma Rousseff. O que ele diria dos votos obtidos por Dilma na região sudeste? Se o nordeste é “bovino”, pela força da mesma lógica, o sudeste não fugiria ao rótulo. Programas sociais só são importantes na época das eleições, antes delas são chamados de “bolsa miséria”. É difícil entender esta contradição? Nem tanto, pois os democratas burgueses padecem do mal que acusam, ou seja, na época das eleições os programas sociais passam a ter importância, para que assim, seja conquistada a confiança dos eleitores beneficiados por estes programas. Até o próprio FHC, sociólogo respeitável(?), ao fim do primeiro turno das eleições de 2014 endossou a tese que fora repetida pelos eleitores da direita nas redes sociais e pelos comentaristas políticos como Mainardi.

6 – O estado está aparelhado. A saída para o aparelhamento? Volte na década de 1990 e encontrará a resposta: privatização. Por trás desta lógica estão duas ideias: 1) De que se deve promover o desenvolvimento econômico para produzir desenvolvimento social; 2) Que o Estado deve ser mínimo, por isso suas contas precisam ser enxugadas. A primeira ideia deriva sua sustentação da Teoria do Bolo, teoria defendida por Delfim Netto entre 1969 e 1974, período em que foi ministro da fazenda no governo militar do presidente João Figueiredo. Esta teoria diz que é necessário fazer crescer a economia. O desenvolvimento social seria apenas uma consequência do desenvolvimento econômico. Hoje em dia nenhum economista sério defende este posicionamento, nem mesmo o próprio Delfim Netto. Não há desenvolvimento econômico sem desenvolvimento social. Estas são duas questões que andam juntas. A segunda ideia abre precedente para as privatizações. Enxugar o estado é equivalente a diminuir o orçamento dirigido para políticas sociais. Os democratas burgueses acreditam que gerando emprego não é necessário investir em políticas sociais. Outro simplismo, pois enquanto houver capitalismo nunca existirá emprego para todos. Deviam consultar a obra de Marx e procurarem entender o conceito de “Exército de Reserva”. Mas pedir para os democratas burgueses estudarem as teses marxistas é perda de tempo... Estado mínimo? Só se for para as camadas mais pauperizadas da sociedade, pois o Estado da direita é máximo para o Capital.

Você tem mais alguma sugestão de comportamento dos democratas burgueses que ilustre a sua forma de fazer democracia? Pode deixá-la nos comentários. Agradecemos pela participação.

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