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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

De onde saíram tantos Arautos?

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Por João Paulo Ribeiro

Concluído o processo eleitoral, mesmo com algumas controvérsias sobre a legalidade da urna eletrônica, um grupo homogêneo de eleitores que se sentiram derrotados vociferou nas redes sociais contra o que representou a legitimação dos mais de 53 milhões de votos na reeleição de Dilma Rousseff. 


Honrando o discurso anticoronelista, tripudiaram do povo mais pobre por considerá-lo um voto de cabresto. Vi amigos, pessoas de minha estima a praticar desse discurso. Vi filhos ingratos das benesses do governo levantarem o que considero como verborragia autofágica e discriminatória. 

O discurso me indignou. “Ganharam no voto da fome e da miséria”. “Povo burro”. 

Pergunto: de onde vem a legitimidade do seu voto, contra a legitimidade do voto do povo? 

Senhores da razão. Arautos. Filhos da rede privada de ensino.

O ensino privado está longe de garantir cidadania e de construir um pensamento político. Enquanto os pais hoje depositam no serviço privado de ensino um poder na educação, politização, as escolas desconstroem esse poder ao erguer a bandeira do cartesianismo, do giz e pincel, dos capítulos da prova, da concorrência ao ensino superior em detrimento da abstração da realidade.

Escolas tem muros. São, em sua boa parte, devotas a um modelo religioso contrário à liberdade de expressão. Punitivas, desleais, não honram o princípio da igualdade que deve valorizar àqueles com mais dificuldades de aprendizado. Criam no aluno um anseio desde sempre estudar para ingressar na faculdade. Homogeneidade do medo, da ansiedade.

Resultado: seres despolitizados. Entram na faculdade como frutas verdes, sem capacidade de questionar a realidade. Ludibriáveis ao gosto da grande mídia, maleável ao discurso do medo, amantes do conservadorismo porque o que é novo quebra essa muralha mental do analfabetismo político.

Esse voto, que se redesenhou como legítimo nas redes sociais, nada mais é que o cabresto ideológico. Esse sim é o pior, porque legitima e torna os arautos da razão seres providos de um senso moral que não os pertence, de uma razão que nunca buscaram na vida e de uma pompa que os políticos conservadores não consideram ter.

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