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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Como Surgiu o Ódio

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Por: Aline Frazão

A forma como teve início o ódio da população contra o Partido dos Trabalhadores (PT) é, no mínimo, curiosa. Bem antes das eleições, no início deste ano, os brasileiros começaram a presenciar pela TV, internet, rádios e jornais, uma, digamos, amostra grátis do que seria esse sentimento.



A primeira manifestação que vi foi com um grupo autointitulado Marcha da Família com Deus. Sim, levava o nome do “Todo Poderoso”, mas pregava o ódio: diziam que o PT era um partido de porcos comunistas e pedia pela volta da ditadura militar, que esteve instaurada no país por 21 anos.  

Esses manifestantes citavam um artigo da Constituição Federal de 1988 sobre o direito da Pátria Amada de fazer tal intervenção quando a democracia estivesse “ameaçada”. Mas algo mais estava por trás desse sentimento. Algo que impulsionou esse ódio ao PT, e o mais grave, fez com que pessoas em sã consciência reivindicassem pela volta de uma ditadura.

E adivinha de quem partiu esse “incentivo”? Da mídia... Leia-se Veja e Globo. Pela primeira vez na história política desse país, vimos políticos corruptos serem julgados e condenados. Fato que deve ser considerado positivo, levando-se em consideração a grande corrupção que sempre assolou o país e nunca achou por culpados. A Globo deu tanta repercussão para o Escândalo da Petrobras (expressão inventada pela própria mídia e que seria o título de todas as manchetes) que não se ouvia outra coisa: PT corrupto! Mas só o PT está envolvido nesse caso? O PT é o único partido que manda e desmanda no país? Claro que não.

Mas isso pouca importava para a grande mídia. O que ela queria mesmo era ver o PT fora do poder. Não é o primeiro golpe que partidos conservadores e de direita como o PSDB, tentou aplicar no Brasil, com o apoio da mídia. Em 1945 depuseram Getúlio, e depois de ter voltado ao poder pela via democrática em 1951, anos mais tarde não aguentou a pressão e cometeu suicídio em 1954. Repetiram a receita com Jango, tentaram ainda com Lula e agora com Dilma... Essa mesma mídia apoiou o golpe militar em 1964.

As grandes organizações, como a Globo e a Editora Abril – que edita a revista Veja, representam o interesse da elite brasileira, que nunca ligou para as classes subalternas. Quer mesmo é ver pobre na sarjeta, na miséria, como seria comprovado após as eleições com a vitória de Dilma. Enxurradas de preconceitos contra o pobre, que teria votado pela reeleição da petista por causa do Bolsa Família.
A mídia conseguiu destilar o seu veneno: espalhar que o PT era o pior partido da história e que deveria sumir do poder, pois não só roubava, como queria implantar o comunismo no Brasil. O colunista da Veja, Rodrigo Constantino, escreve opiniões dignas de dó (nem informação ele fornece) sobre a “ditadura cubana” que caminha a passos apressados rumo ao Brasil.

Ora, então a integração com os países da América Latina, que são nossos vizinhos, significa a implantação de outro regime no Brasil? A realidade é mesmo essa? Penso que não. O governo do PT preferiu se aliar aos vizinhos, unificando a América do Sul, justamente para não ser dependente de grandes potências, como os Estados Unidos. E a paz impera por aqui, enquanto guerras eclodem em outras partes do mundo e os Estados Unidos mantém milhares de bases militares em vários países, em pleno século XXI.

Os ricos e os “remediados” viram no candidato Aécio Neves uma redenção. Ele, que nos debates se recusava a olhar para o passado e prometia maravilhas para o futuro, ainda conseguiu enganar a muitos com seu discurso ensaiado. Claro que também, não sozinho, mas com um grande empurrãozinho da mídia. Mas mais uma vez, a informação venceu (por pouco é verdade) a desinformação e o ódio. Essa vitória foi graças às redes sociais, aos veículos de comunicação alternativos e à militância de muitos que viam o PSDB como um grande retrocesso. Vitória de Dilma e também da democracia.

Saindo um pouco da política e atendo à mídia manipuladora, que tal analisar essa capa da Veja dos anos 90? O poeta Cazuza estava doente quando o periódico lançou essa capa pouco sensacionalista, se antecipando à morte do artista por Aids. Nem pediram autorização para tal. Os amigos e a família do artista queriam processar a Veja, porque acreditaram que foi uma grande falta de ética ganhar dinheiro com uma capa que estampava o sofrimento de Cazuza. Mas o artista estava tão doente que o episódio teve de ser relevado, porém nunca esquecido.


Fecho o texto com essa ilustração para que as pessoas pensem um pouco sobre qual é o papel da mídia na sociedade. O Brasil precisa urgente de uma regulamentação dos meios de comunicação para que o jornalismo “renasça das cinzas” depois de tantas notícias plantadas e falta de ética. O PT já teve 12 anos para fazer isso, e não o fez. Esperamos que a presidenta reeleita, que demonstra que seu segundo mandato será melhor que o primeiro, faça agora. 

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